PARADOXO DIVINO
"Os falsos sábios, reconhecendo a irrealidade comparativa do Universo, imaginaram que podiam transgredir as suas Leis: estes tais são vãos e presunçosos loucos; eles se quebram na rocha e são feitos em pedaços pelos elementos, por causa da sua loucura."
O Caibalion
Aqui está o texto corrigido:
O Filosofia Informal hoje vai fazer sua cabeça estourar nessa fritação maravilhosa que preparamos com muito carinho sobre o maior paradoxo das nossas vidas: o Universo manifestado, como o conhecemos, é uma ilusão.
Quando falamos sobre isso anteriormente na matéria sobre a primeira Lei Universal: Mentalismo recebemos muitas mensagens dizendo que éramos loucos por afirmar algo tão incoerente, pois como podemos dizer que o Universo é irreal se o vemos, tocamos e sentimos com os nossos sentidos? Portanto, estamos trazendo um texto realmente bem completo para esclarecer os paradoxos e padrões que vivemos atualmente e que somos condicionados a acreditar por meio de religiões deturpadas e até mesmo pela ciência.
Para os hermetistas, o Universo manifestado é mais do que matéria e energia; é também mente, espírito, emoções e sentimentos. Para caminharmos com sabedoria por aqui, precisamos conciliar a realidade e a irrealidade de tudo o que nos cerca em todos os planos. É basicamente estarmos em harmonia com as Leis Universais. A princípio, vamos trabalhar com uma ideia estranha, mas, na verdade, ela não é.
O Caibalion diz que o Universo manifestado é uma ilusão, ou seja, um palco montado para que as formas de vida tenham uma experiência. Então, as pessoas pensam que, se o Universo manifestado é uma ilusão, as coisas por aqui não devem ser levadas tão a sério, e isso não é verdade. Isso não significa que o Universo não é verdadeiro; simultaneamente, ele existe e não existe:
“O verdadeiro Sábio,
conhecendo a natureza do Universo,
emprega a Lei contra as leis,
o superior contra o inferior,
e, pela arte da Alquimia,
transmuta aquilo que é desagradável,
e, deste modo, triunfa.”
— O Caibalion
Um Sábio não nega o Universo manifestado; ele sabe que é uma ilusão e, para superá-la, obedece às suas Leis e as usa com inteligência. Todos dentro da ilusão estão sujeitos às Leis; ou seja, um grande Mestre de sua vida entende e domina essas Leis para subir a patamares superiores de consciência. Ele emprega Leis superiores às Leis inferiores e gerencia melhor sua vida no sentido daquilo que é agradável, evitando os atritos de natureza desagradável, focando no que é bom e necessário para a evolução da consciência, e não no sentido de alimentar caprichos, ego ou aparências.
Negar os aspectos da realidade/irrealidade do Universo gera problemas em nossas vidas, mesmo que você nunca tenha ouvido falar do Paradoxo Divino ou do livro O Caibalion. Conhecer a irrealidade do Universo e não negar a realidade, que é a experiência da nossa consciência por aqui, é um dos primeiros atributos que uma pessoa que inicia seus estudos na Filosofia Hermética deve desenvolver. Os fins sempre são mais importantes que os meios, e com isso devemos considerar onde queremos levar a nossa consciência. Ou seja, se queremos elevá-la, devemos entender por que o Universo é uma ilusão, mesmo que nossa experiência por aqui não seja.
Considerar o Universo irreal é uma transgressão, mas não devemos negar a realidade da nossa experiência de expansão de consciência que vivemos através da matéria. Um Sábio sabe que o Universo é uma ilusão para que ele tenha uma experiência, porém também sabe quando deve pensar assim e quando deve considerar que é real. Um exemplo disso são os dramas que vivemos em nossas vidas cotidianas, que nos geram dores e sofrimentos: levar isso como não sendo ilusão, desdramatizar e apontar a irrealidade daquele acontecimento como experiência lhe brindará uma melhor maneira de solucionar seus problemas. Nesse momento, é bom considerar que é irreal.
Porém, se você estiver caminhando em direção a uma escada, é melhor considerar a realidade disso, porque, se não, você pode se acidentar. É manejar os dois mundos com inteligência, mudar a chave! Esse é o Paradoxo Divino.
Viver dentro desse Paradoxo é excluir a dualidade que vivemos de realidade/irrealidade quando falamos de hermetismo. É considerar o grande teatro que é a vida como irrealidade e, de vez em quando, considerar a realidade. Ter sabedoria ao mudar o canal para se posicionar com mais inteligência frente aos desdobramentos da vida e não cair na imaturidade, manipulando esse conhecimento de forma equivocada. Isso é não desconsiderar as coisas que estão no mesmo patamar de relatividade que você. São realidades para serem conquistadas e aprendidas. Ignorar a realidade dos objetos na mesma dimensão que você é o sofisma da generalização, em que uma coisa, quando aplicada a algo, se torna absoluta, como afirmar que o Universo é uma ilusão e não levá-lo a sério ou descobrir um ponto e achar que se aplica a todos os campos do Universo.
Uma das coisas mais terríveis atualmente é a generalização, usar a aplicação de uma coisa verdadeira em um ponto e generalizar para outros pontos. Generalização é uma falácia e um produto da nossa imaturidade. O homem sensato é justo (como já dizia Platão); ele coloca cada coisa em seu lugar e aplica cada coisa corretamente.
Hoje em dia, vemos diversos sofismas de aplicações de um ponto em outro sendo tratados como verdades, mas, na realidade, não são. Por exemplo, aplicar mecânica quântica em psicologia ou usar neurociência para entender o amor (por causa da produção de hormônios no cérebro). Isso é imaturidade no desenvolvimento (seja espiritual ou não) interno do Ser. Aplicar coisas que não são de natureza humana à espécie humana.
Não considerar o Universo como real faz com que apliquemos Leis de maneira arbitrária. Podemos neutralizar esses efeitos evitando um posicionamento absoluto sobre um ponto da dualidade e enxergando as coisas sempre de todos os ângulos. Um drama em nossas vidas, do ponto de vista racional, é uma comédia, e, do ponto de vista emocional, é uma tragédia. É usarmos nossa inteligência para colocar cada coisa em seu lugar e darmos uma melhor resposta à vida.
Corpo e Mente.
O Universo tem sua desorganização, então usamos nosso plano mental para organizar as coisas e o plano emocional para controlar sua energia. Essas são algumas das nossas ferramentas para nos locomovermos com sabedoria por este mundão, que nos ajudam a não ignorar as circunstâncias, mas também a não considerá-las tão verdadeiras assim. Essa dualidade conciliada, própria do hermetismo, do igual e desigual sendo o mesmo, deixa o homem contemporâneo confuso, porque estamos tão acostumados à dualidade com uma mentalidade binária. Se é uma coisa, então não pode ser outra; os dois lados não podem ser verdadeiros ou falsos ao mesmo tempo, a dualidade binária não pode ser a mesma coisa. Pois bem, aqui vai a bomba: o Universo é real e irreal ao mesmo tempo.
Para O Todo, o Universo é um sonho.
Já falamos isso antes aqui no blog, mas, para não criarmos confusão, vamos explicar com mais profundidade: o Universo é uma criação da Mente Divina; logo, do ponto de vista do Todo, o Universo é uma ilusão. Isso não significa que nós, partes desse Universo, temos que levar isso ao pé da letra (não somos Deus). Nós, como consciências encarnadas aqui neste mundão, temos a obrigação de manter nossa mente nas estrelas, com os pés no chão. Eu sei que estamos descarregando muitos paradoxos em sua cabeça, mas temos certeza de que tudo isso vai te expandir bastante!
O Universo é uma ilusão, mas a organização do tempo, espaço, matéria, emoções e outras coisas com que lidamos aqui tem sua dose de realidade.
O jogo da vida.
A vida por aqui é como um jogo fictício desses de tabuleiro ou online, com regras que devem ser seguidas para conquistar os objetivos. Para não gerarmos atritos durante nossa jornada, temos que tomar as regras como verdadeiras (essas regras são as Leis Universais), mesmo sabendo que o Universo é uma criação da Mente Divina. É conhecer as regras do Universo manifestado e manejá-las para saber onde elas querem nos levar e qual nível de consciência vamos alcançar.
Os jogos online são um excelente exemplo, pois se tornaram bem populares nos últimos anos por conta da realidade que se aplica a esses games. Nós sempre queremos atingir níveis, subir patamares, melhorar habilidades e perícias, passar etapas e nos superar, mas também existem regras e precisamos segui-las para conseguir alcançar um melhor desempenho. É a arte imitando a vida.
Precisamos ter uma noção geral do jogo que vivemos, que é a Vida no Universo manifestado, saber onde estamos agora e onde queremos chegar. Ser pontífice entre o Espiritual e o Material e saber como aplicar as Leis do Universo em nosso favor no atual contexto tempo/espaço.
Consideremos todos os pontos da dualidade.
Um Mestre de sua Vida vai usar esses princípios de ação, sabendo que estamos no Universo dual e paradoxal, e sempre vai considerar o outro lado, principalmente em situações práticas da vida. Em qualquer situação que enfrentamos, não ficar pendendo para um lado ou outro é importante; sempre devemos observar a dualidade e não pensar que um lado é diferente do outro. Nós criamos uma versão da realidade e nos apegamos a ela, àquele lado que criamos mentalmente, e, para quebrar isso, precisamos criar uma anteversão e desenvolver um balanço entre as duas para consideração mental.
Considerar os dois lados de todas as questões evita que projetemos preconceitos, rigidez ou fanatismo, coisas que não existiriam se as pessoas pensassem dessa forma. É basicamente pensar: "E se eu não for o dono da verdade?" ou "E se isso não for imposto ao mundo?" Só essas considerações do “e se” já expõem as possibilidades que existem do outro lado.
A mente percebe o mundo como transitório e o corpo percebe o mundo como real
O fenômeno da transitoriedade (já falamos disso muitas vezes aqui no blog) faz com que a mente tenha a impressão de que tudo o que vivemos e já passou nunca aconteceu. Mas o nosso corpo já registrou tudo o que vivemos, está aqui em um tempo/espaço e está vivo, existindo em um mundo que, apesar de transiente, é real. Como a nossa consciência, nós registramos a experiência por meio do corpo, e essa transitoriedade é percebida pela mente e pelo corpo em um grande dilema. Por isso que um Sábio sabe que é preciso saber lidar com a transitoriedade da mente e com a concretude do corpo para estabelecer um equilíbrio.
Caminhando em direção ao Todo.
Nosso desenvolvimento na Vida deve estar sempre em direção ao Todo e, para tanto, é preciso unir todos os lados, ou seja, não deixar nada fora do nosso raio de visão. O Todo não aceita separação; ele é Uno e tudo que estiver fora do seu olhar é uma oportunidade de ampliar sua perspectiva. Essa é uma visão do que se considera a base do desenvolvimento espiritual, que é o uso inteligente da Mente para navegar na vida.
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