Segunda Lei Universal: CORRESPONDÊNCIA
"O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima."
O Caibalion
O segundo Princípio Hermético é o da Correspondência, que é tratado pelos hermetistas como o princípio da harmonia. Ele afirma que tudo no Universo se move por similaridade. Já falamos anteriormente aqui no blog que as Leis Universais são a infraestrutura que sustenta o Universo em todos os seus planos de atuação. Hoje, vamos desbravar quais são esses planos de atuação segundo a Filosofia Hermética do antigo Egito e a harmonia em que tudo se correlaciona.
Entender as Leis Universais é harmonizar-se com a natureza e com Deus. Basicamente, isso começa a reduzir instantaneamente os atritos gerados pela ignorância e pela falta de conhecimento sobre esses princípios e suas ações. Esses atritos são os que nos impedem de ter um melhor desempenho em nossa experiência como humanos, pois atrasam nossa evolução em direção ao espiritual e, em seguida, à Quarta Dimensão (vamos falar disso em breve aqui no Filosofia Informal). Tudo na natureza, seja no reino mineral, animal, vegetal, fungos ou em outros reinos, está caminhando em direção à evolução dentro de seu nível de posicionamento no Universo manifestado, ou seja, em busca de um melhor ideal em seu nível de função, inteligência e consciência.
O nível de absorção para aprender as Leis Universais é proporcional à consciência do homem no momento em que ele as aprende. Por isso, tivemos o cuidado de transmitir esse conhecimento de uma forma bem completa, para que você possa absorver o melhor que esse princípio tem a nos ensinar, pois é um claro convite à ordem.
Essa lei diz respeito à correspondência entre os diferentes planos de manifestação, vida e existência, pois tudo no Universo está correlacionado de alguma forma e funciona de maneira similar, mas, claro, cada coisa em seu lugar, realizando sua função e manifestando os fenômenos de sua própria atuação em seu determinado plano.
Viemos ao mundo com o objetivo de atingir um melhor nível de consciência e, no nosso atual contexto espaço-temporal, nossa consciência trabalha para encontrar um melhor ideal humano. Dentro dessa jornada, enfrentamos uma série de dificuldades e impedimentos causados por nós mesmos e por nossa ignorância em não observar a ação do Princípio da Correspondência, que nos ensina a enxergar padrões em nossas vidas, que são repetidos em todos os planos e que podem ser mudados se formos inteligentes em detectar a ação dessa lei.
Observamos em nossas vidas padrões de similaridade acontecendo o tempo todo. É muito comum que alguém que organiza seu guarda-roupa tenha mais facilidade para organizar suas ideias e pensamentos, ou que uma pessoa que dirige mal seu carro pela cidade, por similaridade, dirija mal sua vida e suas emoções. Se você se atenta para perceber que tudo em sua vida se move por similaridade, fica mais fácil captar a ação dessa Lei Universal. Isso é um convite à ordem, porque, ao organizar um padrão falho, é possível, por similaridade, ordenar todos os outros planos. Assim funciona a lei.
A desordem mental, por exemplo, pode estar presente em muito mais áreas de sua vida do que você imagina, não só no plano mental, mas também no seu guarda-roupa, nas gavetas, na maneira como dirige seu carro pela cidade. Enfim, por similaridade, uma coisa de algum campo em nossas vidas tem seu padrão repetido em outros planos da nossa existência, tanto positivamente como negativamente. Ler a ação dessa lei em nossas vidas nos ajuda a saber onde estamos falhando em nossa jornada evolutiva.
O Princípio da Correspondência vai muito além de nossas vidas cotidianas. Claro que, ao observar a ação dessa lei, podemos nos posicionar com mais inteligência e ter uma melhor ação diante dos desdobramentos da vida. Porém, no livro O Caibalion, esse princípio é retratado com muito mais profundidade, trazendo a ação dessa lei nos altos níveis, segundo a tradição hermética do antigo Egito. Segundo a Filosofia Hermética, o Universo é dividido em três grandes classes de fenômenos, conhecidos como os Três Grandes Planos:
O Grande Plano Físico;
O Grande Plano Mental;
O Grande Plano Espiritual.
Para O Caibalion, esses são os três planos da nossa existência, mas antes de nos aprofundarmos nesse assunto, queremos explicar o que significa a palavra "plano" para a filosofia.
Quando a filosofia cita a palavra "plano", ela não faz referência a nenhuma dimensão de espaço ou tempo, condição ou estado. É muito mais do que isso! Plano é o endereço vibratório de qualquer coisa no Universo, e a maneira como essa coisa está vibrando determina se ela está no plano físico, mental ou espiritual. Desde as manifestações mais elevadas até as mais baixas, todas as coisas vibram. Assim, apesar de um plano não ser um lugar, nem um estado ou condição, ele possui as qualidades de ambos.
Todos os três planos estão entrelaçados, unindo todos os seres e todas as coisas no Universo. E, apesar de serem a mesma coisa — a manifestação da Mente Divina —, a única diferença entre eles é a vibração. Para os hermetistas, para saber a localização de qualquer coisa no Universo (em qual plano), você precisa saber o nível vibratório em que essa coisa se encontra. A diferença entre a matéria mais grosseira e densa e o espírito mais sutil dentro da Mente Divina é a vibração. E, por correspondência, todos eles funcionam por similaridade.
Os Três Grandes Planos não são divisões atuais dos fenômenos do Universo, mas simplesmente termos arbitrários empregados pelos hermetistas para facilitar o pensamento e o estudo dos vários graus e formas da atividade e da vida universal. O átomo de matéria, a unidade de força, a mente do homem e a existência do arcanjo são graus de uma escala e, fundamentalmente, a mesma coisa, sendo a diferença apenas uma questão de grau e coeficiente de vibração; todas são criações do TODO e só têm sua existência na Infinita Mente Divina.
Todos os três planos da nossa existência são correspondentes, mas possuem suas características e peculiaridades. Todos os seres participam dos três planos, e nós, seres humanos, como seres viventes no Universo manifestado, somos pontífices entre os três, pois nossa consciência precisa atingir os três. Precisamos desenvolver nossa consciência para trabalhar tanto na matéria, quanto na mente e no espiritual, pois eles se correlacionam em nossa jornada de expansão de consciência e aproximação da Unidade.
Como funciona a consciência?
Nossa consciência precisa de contrastes para ter conhecimento de algo, e é através desses contrastes que ela se assimila. As coisas são informações para a consciência quando estamos conscientes delas. O que somos é aquilo que podemos contar conscientemente, o que sabemos e aprendemos em nossa jornada espiritual. Nossa identidade está relacionada ao nível em que estamos vibrando com nossa consciência. Esse é o nosso RG energético, o nosso verdadeiro nome. Nossa consciência é o padrão energético que damos a ela ao longo de nossa jornada de expansão e aproximação com o Todo.
Existem degraus de consciência passando por esses três planos, que vão desde a consciência física, depois a mental, depois a espiritual, até se juntar à Unidade. O nível evolutivo do ser é o nível vibratório que sua consciência já alcançou, tudo o que já viu e aprendeu sobre si mesmo e o quanto de níveis de vibração já conquistou. Todas as coisas e todos os seres vieram para evoluir, cada um no seu processo e grau evolutivo, desempenhando sua função e buscando seu ideal. Um exemplo disso é uma árvore que evolui para se tornar o ideal de árvore, o mais próximo do clássico e perfeito dentro de sua escada evolutiva.
Tudo no Universo é assim, desde os minerais, que passam por seus próprios processos evolutivos para se tornarem o metal mais próximo do ideal mineral, até os seres humanos e as outras coisas presentes na natureza. O Universo todo está em evolução, e esse é o caminho que devemos seguir: alcançar hoje, em nosso atual espaço-temporal, o melhor ideal humano para a evolução de nossa consciência. Esse é o único caminho a seguir.
A evolução é o caminho para um melhor ideal, pois carregamos isso dentro de nós como uma espécie de "instinto". Por exemplo, quando incorporamos algo às nossas vidas, como um carro ou qualquer outra coisa, queremos que esteja mais próximo do ideal para a função que esse objeto vai desempenhar. Assim, ao adquirir um carro, você, no mínimo, esperará que ele tenha quatro rodas, funcione e atenda à finalidade para a qual foi criado.
Buscamos o ideal nas coisas que usamos, mas esquecemos do verdadeiro ideal que precisamos buscar: o ideal humano. Evolução é buscar o melhor ideal humano.
Percebemos o valor nas coisas pelo contraste, na dualidade. A consciência precisa de contraste para se desenvolver e estamos no mundo manifestado justamente para viver esses contrastes. Nossa essência caiu no mundo material para ter consciência de si própria. A evolução é nada mais do que a expansão da consciência. Nunca deixaremos de ser consciência e nem deixaremos de evoluir. Esse é o fluxo da natureza.
Em todos os planos de atuação, as leis são equivalentes e se manifestam de maneira similar. Tudo no Universo é regido pela ação dessas leis. As Leis Universais são princípios que estão acima das circunstâncias de todos os planos.
Os Planos da nossa existência:
O Grande Plano Físico:
É a divisão dos fenômenos do Universo que inclui tudo o que é relativo às coisas, forças e manifestações físicas. Inclui todas as formas de matéria e todas as formas de energia ou força. Porém, a Filosofia Hermética não reconhece a matéria como uma "coisa em si" ou como tendo uma existência separada, pois tudo é uma manifestação da Mente Divina. Assim, a matéria é simplesmente a manifestação do estado mais baixo e grosso de vibração.
O Grande Plano Mental:
A parte mental de tudo. Esse plano abrange todos os processos mentais, desde o nível de consciência humana mais baixo até o mais elevado, que é a Mente Divina. O Grande Plano Mental é onde se desenvolvem todas as atividades mentais e, por sua vez, é muito mais sutil que o plano físico. No Grande Plano Mental estão as ideias e os conceitos que sustentam a materialização da vida no plano físico. Esse plano é onde tudo se origina.
O Grande Plano Espiritual:
É o plano de onde provêm as mais altas vibrações e é o que mantém a vida em todas as suas formas. Este é o plano onde a Unidade de tudo é percebida. O Grande Plano Espiritual é onde está a verdadeira natureza da vida, que se reflete nas criaturas viventes. Quando você atinge esse plano, sente a presença de Deus.
Os Três Grandes Planos de manifestação (Físico, Mental e Espiritual) têm um único princípio de ação. O Princípio da Correspondência nos revela que, por similaridade, uma coisa funciona em outro plano, e isso pode ser aplicado em todos os planos da existência. Se conseguimos entender como funciona o movimento no Grande Plano Físico, por exemplo, conseguimos aplicar esse conhecimento em nosso desenvolvimento mental e espiritual.
Ao longo da nossa evolução como seres humanos, somos levados a nos deparar com esses padrões e, ao analisá-los, podemos aprender a mudar nossos padrões e criar uma nova realidade em nossa vida. O que queremos enfatizar neste texto é que, para compreender a ação do Princípio da Correspondência, precisamos observar todos os três planos. Não adianta apenas estudar ou observar a vida no plano físico sem fazer o mesmo nas dimensões superiores, pois todos estão interligados e a resposta para muitas das nossas dificuldades está em outro plano.
Através da observação e análise das manifestações e acontecimentos da vida, podemos trazer à consciência padrões de pensamentos, ideias e ações que se repetem e que são manifestados em nossa vida. Essa ação é um convite ao autoconhecimento e à evolução.
O Princípio da Correspondência é uma chave que pode abrir as portas da compreensão da natureza de todas as coisas, permitindo-nos avançar em nossa jornada de evolução. A harmonia de que falamos no início do texto é a correspondência entre os planos, que, ao serem observados e compreendidos, nos guiarão em nossa evolução e expansão de consciência.
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