O que 2020 nos ensinou?
O ano de 2020 foi um ano que ficará para a História. À medida que se aproxima de seu desfecho, é um bom momento para refletir sobre tudo o que aprendemos. Não tem sido fácil, mas os tempos difíceis também são as maiores oportunidades de crescimento.
Esse ano de 2020 foi um dos mais difíceis para todos. Deixou todo mundo um pouco louco das ideias. Uma verdadeira doutrina de choque. Sofremos um ataque devastador. E o agressor não foi só o vírus. Afinal, ele é um vírus comum, do tipo que se alastra e ataca células, comportando-se como todos os demais vírus já conhecidos pela ciência. A maneira correta de lidar com ele — assim como com todos os vírus — é por meio da terapêutica médica e da adaptação imunológica.
No entanto, pela primeira vez na história, decidiram combater um vírus por meio do autoritarismo estatal, como se decretos, ordens e coerções violentas pudessem intimidar o vírus e fazê-lo desaparecer. O Estado passou a encarar o vírus como se fosse uma sarna, um piolho, que poderia ser vencido por uma simples declaração de guerra contra ele, resumindo-se a destruir as mais básicas liberdades civis. Muito mais do que o novo coronavírus, o Estado foi o grande agressor. Ele assumiu o controle total, emitindo decretos aleatórios especificando o que os cidadãos podiam e não podiam fazer, humilhando empreendedores e trabalhadores em diferentes países do mundo, com medidas ineficazes que não foram suficientes para barrar a propagação da pandemia.
Além dos governos ineficazes, tivemos nossos problemas internos para encarar. A vida nos colocou frente a todos os nossos demônios, obrigando-nos a encarar nosso lado sombrio. Além de ser um ano muito difícil em termos sociais, foi também desafiador para nossas questões mentais e espirituais. As pessoas confrontaram seu verdadeiro Eu e vimos quão frágeis somos, tanto como sociedade quanto como economia (capitalismo).
Percebemos que, em uma situação caótica, o que conta para a sobrevivência e a saúde mental é o quanto de autocontrole você tem, e não o seu carro do ano. O que importa é sua capacidade de pensar e se adaptar às mudanças, não a sua casa moderna. O que você fez antes em toda a sua vida não tem valor algum se isso não o fez um ser humano melhor para sobreviver às situações mais caóticas, tanto materiais e sociais quanto mentais e espirituais.
Enquanto tentamos nos adaptar a uma nova realidade em meio à pandemia, percebemos que esse pode ser um momento decisivo para cultivarmos hábitos mais conscientes. Apesar de não haver uma fórmula mágica para lidar com uma crise global, cada um de nós vive um dia após o outro, extraindo lições importantes em meio a tudo isso. Afinal, estamos vendo de forma clara que os comportamentos individuais podem, sim, mudar o mundo em que vivemos. Por isso, seria uma pena não usarmos esse momento para aprender com nossos erros e lutarmos por um novo “normal”. Diante de um contexto tão conturbado, quais lições podemos tirar da crise do coronavírus?
O consumo desenfreado também entrou em quarentena. A pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe a oportunidade de refletirmos sobre o impacto do nosso poder de compra no planeta, na economia e na sociedade. O combate ao novo coronavírus deixou claro que cada gesto individual tem um impacto enorme no bem-estar coletivo. Por isso, cuidar de si também é cuidar do outro, mental e espiritualmente. Diante disso, a pandemia nos ensina uma lição valiosa sobre empatia. Agora temos a oportunidade de expandir nossas fronteiras de cuidado para além de familiares e amigos, ajudando até mesmo aqueles que nem conhecemos. Assim, no Brasil e no mundo, a solidariedade se tornou uma das principais armas contra a pandemia.
A pandemia também nos ensinou que a saúde humana depende de um meio ambiente saudável. Não podemos mais tratar a saúde humana, animal e ambiental de maneira isolada. Afinal, fazemos parte de um Todo. Diante disso, ao transformarmos velhos hábitos, podemos nos tornar cidadãos mais conscientes para exigir medidas mais firmes de responsabilidade ambiental, tanto dos governantes quanto das empresas.
O mundo não voltará ao “normal”. E isso pode ser muito bom! Como será o mundo depois que tudo isso passar? Certamente, não seremos mais os mesmos. E isso pode ser ótimo, sabia? Não precisamos voltar ao que era considerado “normal”. Até porque o planeta já nos mostrou que do jeito que estava não dá mais para continuar.
Neste cenário, as mudanças que estamos vivendo podem trazer inspiração para estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Afinal, já estamos colhendo os benefícios de escolhas mais conscientes durante a quarentena. Agora já temos provas mais do que suficientes para entender que o crescimento econômico a qualquer custo é insustentável, tanto para o meio ambiente quanto para nós mesmos.
Estamos em um momento único e histórico capaz de mobilizar sociedade, empresas e governos em prol de um propósito comum. Pela primeira vez, estamos vendo em proporções globais que nossos comportamentos individuais podem transformar o sistema no qual vivemos. A sociedade do futuro está em cheque. Por que não usarmos esse momento para criar um novo “normal”? A pandemia já nos ensinou lições valiosas sobre comportamento social e desenvolvimento mental e espiritual, permitindo-nos viver uma vida com mais realidade e presença. Nascemos achando que a vida já vem pronta para ser vivida, como se tudo já estivesse pensado e descoberto, mas a verdade é que a realidade não é nada disso. A pandemia nos ensinou muito sobre como estamos perdendo o controle sobre nós mesmos, sobre o meio em que vivemos e nos desconectando do primordial. Afinal, nós e a natureza clamamos por atitudes práticas, colaborativas, inteligentes e em harmonia com o meio ambiente material, mental e espiritual. Aprendendo com nossos erros, um novo mundo é, sim, possível!
ᗩly ヅ
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