As pessoas não acreditam mais em fatos
Salve, salve! Que bom te ter por aqui no Filosofia Informal. 😍😊
Hoje, quero comentar um pouco sobre um assunto que está bastante em voga atualmente e que, particularmente, tem me incomodado muito: o negacionismo.
Eu não costumo falar aqui no blog sobre os problemas que enfrentamos devido à incompetência da atual administração presidencial, mas, diante de tanta confusão que está acontecendo, usarei a voz que tenho aqui para discutir a atual crise da verdade que estamos vivendo.
Atualmente, o Brasil é um país de crises. Há crises relacionadas à distribuição de renda, aos recursos básicos, ao emprego e a questões sociais, como racismo e homofobia. Porém, nenhuma dessas crises tem ganhado tanto espaço quanto a crise da verdade.
Essa crise surge do princípio de negar o que não convém. Esse fenômeno, conhecido como negacionismo, está ganhando (de novo) espaço na nossa sociedade e coloca em xeque preceitos básicos, já sedimentados pela ciência. É um espetáculo de ignorância, dia após dia, que se intensifica sob o governo da atual administração, que transforma fatos em caos, gerando consequências desastrosas na vida das pessoas. Esse movimento se manifesta por meio de polêmicas, e por isso é importante tomarmos cuidado.
A problemática da verdade é alimentada por elementos presentes nas estratégias dos “mercadores da dúvida”, pessoas que manipulam a massa para gerar incertezas no senso comum. Com propósitos egoístas, essas pessoas utilizam a manipulação de fatos para controlar o comportamento humano. Esses agentes buscam uma falsa simetria na argumentação científica e criam teorias conspiratórias para fazer com que as pessoas ajam da maneira que desejam. É basicamente distorcer os fatos com argumentos convincentes, mas sem qualquer base sólida. Um bom exemplo da atuação do negacionismo é em relação à pandemia de coronavírus.
Há uma desestruturação do conhecimento por parte da população, que já é carente de educação e informação, gerando um descrédito em relação ao tema. Entretanto, também temos o governo aliado a empresas que ajudam a disseminar contestações à ciência e à saúde pública.
A movimentação dessas particularidades é extremamente perigosa. O campo do debate se transforma em uma discussão ideológica, capaz de influenciar a opinião pública e legitimar governantes e influenciadores da mídia com posições anticientíficas. Além disso, muitas religiões não têm colaborado em nada na luta contra o coronavírus, estimulando as pessoas a seguirem pelo caminho da ignorância e da morte.
Infelizmente, a pandemia de coronavírus não é o único consenso científico questionado pelos negacionistas. Temos também o aquecimento global, a crença de que a Terra é plana e a negação do Holocausto, entre tantas outras coisas.
O que é negacionismo?
Negacionismo é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. Na ciência, o negacionismo é definido como a rejeição de conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por consenso científico em favor de ideias, tanto radicais quanto controversas. Dessa forma, o negacionismo costuma se fortalecer quando a sociedade se depara com situações de instabilidade, como uma crise política, econômica ou sanitária. Quando em oposição a evidências científicas, esse movimento encontra sustentação em teorias e discursos conspiratórios, que acabam favorecendo disputas ideológicas, interesses políticos e religiosos. Normalmente, vem acompanhado de humor, polêmicas ou discursos de manipulação, utilizando técnicas de distorção de fatos e mudança de foco.
Nesse sentido, o negacionismo contradiz um vasto universo de teorias, verdades comprovadas e pesquisas sérias. Assim, o objetivo final dele, além de criar polêmicas retóricas e desnecessárias para desviar a atenção das pessoas de um fato mais relevante, é rejeitar qualquer afirmação que encontre consenso no meio científico e em teorias sólidas. Além disso, os que seguem essa ideologia tentam propor experimentos para comprovar suas crenças na prática, mas frequentemente encontram limitações teóricas, o que os leva a criar falácias com conclusões inválidas. Eles se desviam dos pontos cruciais de um fato distorcido, gerando ainda mais dúvidas no senso comum.
O negacionismo não é novo na sociedade.
A teoria negacionista é uma estratégia antiga e bem-sucedida para minar conceitos científicos. Vimos, ao longo da história, negacionismo praticado pela indústria do tabaco, que desenvolveu campanhas públicas para reagir às evidências científicas que ligavam o fumo ao câncer. O objetivo, ao confrontar essas evidências com o consenso científico, era criar a “dúvida”. Essa mesma “dúvida” foi utilizada para negar a existência do buraco na camada de ozônio. O negacionismo científico também foi aplicado quando evangélicos usaram a mesma estratégia para forçar o ensino do “criacionismo” nas escolas, negando tudo o que a ciência provou por meio da teoria da evolução. Além disso, indústrias de carvão mineral e petróleo fizeram de tudo para desacreditar a ciência climática e barrar ações contra o aquecimento global. O principal objetivo do negacionismo é semear a dúvida.
Por isso, vemos hoje, em pleno século XXI, o desmatamento da Amazônia e a "permissão" para queimadas e exploração de garimpos e minérios, que causam debates e discussões políticas, inclusive em âmbito internacional. Tudo isso é negado em nome de interesses capitalistas egoístas. Pode-se notar que tudo relacionado ao negacionismo está atrelado ao lucro e ao acúmulo de poder. Muitas pessoas hoje preferem acreditar que a exploração da Amazônia, o combate à pandemia de coronavírus e a crise econômica que vivemos no Brasil, por exemplo, não são reais, e que tudo o que favorece esses argumentos são manobras para destituir o atual presidente do cargo. Na verdade, todos os problemas que estamos vivendo atualmente são causados única e exclusivamente pela incompetência desta administração, que visa apenas o lucro, a exploração e o acúmulo de poder.
Dessa forma, os que apoiam a teoria negacionista generalizam dúvidas e argumentos superficiais não comprovados, o que provoca uma descrença nas instituições científicas. Tal movimento favorece a disseminação de fatos abertamente anticientíficos, contando inclusive com o apoio de empresas e setores políticos.
O fenômeno da pós-verdade (fatos objetivos que passam a ter menos influência do que crenças pessoais na opinião pública) é um sintoma extremo dessa crise. Muitas pessoas não percebem que a ciência existe para beneficiar a sociedade e seus indivíduos. A pós-verdade não designa apenas o uso oportunista da mentira, mas também sinaliza um ceticismo em relação aos benefícios das verdades e suas evidências factuais, comprovadas pela ciência.
Como a Filosofia pode nos ajudar a entender o negacionismo?
Uma quantidade considerável de pessoas nega os riscos de contágio pelo novo coronavírus, causador da Covid-19. Assim, não usam máscara e continuam com suas obrigações diárias porque acreditam em afirmações sobre a doença que não são verdadeiras. É o caso de quem pensa que há um exagero da mídia nas informações sobre a pandemia, que apenas as pessoas do grupo de risco devem fazer isolamento social, e que tantas pessoas contaminadas, inclusive idosos, conseguem se curar da doença, como se os casos de morte, caso ocorram, devessem ser encarados como fatalidades ou situações que escapam ao controle. Mas, diante dessa realidade, como a Filosofia pode nos ajudar a entender o negacionismo?
A resposta está ligada ao conceito de “ideia inadequada”, que não é consequência de uma compreensão intelectual, mas sim da percepção habitual e confusa que se tem das situações da vida. É como enxergar o Sol e pensar que, por conseguir vê-lo totalmente, o Sol seja menor que o planeta Terra, quando na verdade só um astrônomo saberia dizer se essa impressão imediata é verdadeira ou não. Da mesma forma, erra-se ao acreditar na impressão ou ideia sobre as consequências do contágio pelo coronavírus, em vez de se basear em estudos científicos realizados e amplamente divulgados, inclusive pela mídia. A ciência existe para entendermos o universo como ele realmente é, e não como gostaríamos que fosse.
ᗩly ヅ
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